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ENTREVISTEI o MAIOR HATER DE BITCOIN do BRASIL


Por Que o Maior "Hater" de Bitcoin do Brasil Deixou a Criptomoeda

Em uma entrevista franca no canal Nanda Guardian, Avelino Morgante, conhecido como um dos maiores críticos de Bitcoin no Brasil, compartilhou sua jornada de entusiasta a cético convicto, apresentando argumentos técnicos e baseados na Escola Austríaca de Economia que o levaram a migrar seu foco para os metais preciosos.

Avelino, que conheceu e comprou Bitcoin em 2013, financiou seu curso de Engenharia da Computação com a valorização da moeda. Sua convicção era tanta que ele chegou a ter 10% do market share do mercado de balcão (OTC) de Bitcoin no Brasil, movimentando mais de 150 mil bitcoins em dois anos. No entanto, ele largou esse mercado lucrativo para se dedicar aos metais. A transição não foi motivada por um único fator, mas um evento crucial mudou sua perspectiva.

O Ponto de Ruptura: Março de 2020

Para Avelino, a grande virada de chave foi a crise de março de 2020. Na época:

  • Queda de 50% em um único dia: O Bitcoin despencou 50% em horas. Isso, segundo ele, contradisse a tese de que a criptomoeda era um "ativo anti-frágil" que resistiria a crises financeiras, levando-o a buscar ativos mais robustos contra choques econômicos.
  • Manipulação de Mercado (Circuit Breaker): Durante a forte queda, Avelino relatou ter testemunhado o congelamento do preço em grandes exchanges (como a BitMEX), impedindo ordens de compra e venda. Ele soube de um suposto "acordão" entre líderes das corretoras (como o CZ da Binance e o Artur da BitMEX) para impor um "Circuit Breaker" não oficial, evitando uma quebra sistêmica. Para ele, esse episódio desmascarou o Bitcoin como um ativo de livre mercado, revelando a manipulação e a falta de verdadeira descentralização.

Críticas Austríacas ao Bitcoin

Defensor da Escola Austríaca, Avelino usa a teoria econômica para fundamentar sua crítica ao Bitcoin como moeda:

  • Fuga da Estabilidade (Hayek): O economista Friedrich Hayek defendia uma moeda estável — nem inflacionária demais, nem deflacionária demais — para que pudesse servir como um sistema de preços eficiente. Avelino argumenta que a alta volatilidade do Bitcoin o torna inadequado para essa função.
  • Fracasso como Unidade de Conta: Devido à instabilidade, o Bitcoin falha como unidade de conta, uma das características primárias da moeda. Ele observa que em lojas que aceitam Bitcoin, o preço real é sempre cotado em dólares (ou outra moeda fiduciária) e convertido em Bitcoin na hora da transação. Sem um valor estável, o cálculo econômico (a base da alocação de recursos) se torna impossível.
  • Dinheiro como Mercadoria (Menger): Seguindo Carl Menger, Avelino defende que o dinheiro deve ser uma mercadoria com uso industrial (demanda não-monetária) que evoluiu espontaneamente pelo processo de seleção natural através de séculos de trocas (escambo). O ouro e a prata possuem essa base histórica e atributos como durabilidade, divisibilidade e maleabilidade. O Bitcoin carece desse processo natural.

A Questão da Reserva de Valor

Avelino rejeita o termo "reserva de valor" para qualquer ativo (incluindo ouro), pois o valor é subjetivo. Ele argumenta que o valor existe apenas na mente dos indivíduos, é condicional ao tempo e à situação, e está em constante mudança. O preço, segundo ele, é apenas um snapshot (uma foto) do valor em um momento específico de uma transação, e não uma garantia para o futuro.

Perspectivas de Investimento e Crítica ao Fanatismo

Embora ainda mantenha uma pequena posição em Bitcoin e o recomende a clientes como um ativo financeiro, Avelino diz ter reduzido suas expectativas. Ele considera o risco-retorno desfavorável após a grande valorização, preferindo ativos que estão mais "baratos", como a prata. Avelino acredita que a prata, ajustada pela inflação, deveria valer muito mais que seu topo histórico nominal, apresentando um potencial de ganho muito maior.

Ele critica o que chama de "fanatismo" na comunidade Bitcoin, respeitando o especulador, mas não aqueles que chamam a criptomoeda de moeda ou a veem como a "salvação da humanidade".

Por fim, Avelino lança uma provocação sobre o futuro: o Bitcoin historicamente tem se correlacionado à liquidez global (M2), um ativo de risco. Se, como ele prevê, o ciclo do sistema bancário resultar em uma crise deflacionária (com redução da liquidez e alta das taxas de juros americanas) — uma correção que ele acha inevitável para pagar a dívida americana — o preço do Bitcoin, como ativo especulativo, tenderia a cair drasticamente.

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